O dia 25 de julho é conhecido como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, que surgiu em um evento na República Dominicana para dar visibilidade para a luta das mulheres negras contra a opressão de gênero, exploração e racismo. No Brasil, esse dia também é o dia em homenagem à Tereza de Benguela, líder quilombola e símbolo da resistência contra a escravidão. Por isso, vamos celebrar o dia de hoje conhecendo algumas mulheres negras que mudaram a ciência e a história.
Annie Easley (1933 – 2011): Nascida em Birmingham, Alabama, foi uma matemática e cientista de computador que trabalhou na NASA (National Aeronautics and Space Administration) e NACA (National Advisory Committee for Aeronautics). Em 1955, ela leu uma história sobre duas irmãs que eram “computadores” para a NACA e, depois de dois dias após se candidatar a esse emprego, ela foi contratada e trabalhava como matemática e engenheira de computadores no Lewis Flight Propulsion Laboratory. Ela continuou sua carreira acadêmica enquanto trabalhava e, em 1977, conseguiu seu bacharelado em matemática. Annie foi uma das responsáveis pelo primeiro lançamento bem-sucedido de um foguete, em 1963, desenvolveu e implementou códigos de computador que analisavam tecnologias de energias alternativas, como eólica e solar. Infelizmente, mesmo com toda sua contribuição na ciência espacial, Annie foi cortada de quase todas as fotos dos projetos que participava por ser negra, mas, mesmo com dificuldades, ela se tornou uma cientista muito importante e que inspirou muitas mulheres.
Jaqueline Goes de Jesus (1990): Biomédica e pesquisadora, Jaqueline nasceu na Bahia e se formou em biomedicina na UFBA (Universidade Federal da Bahia). Jaqueline é conhecida em todo o Brasil por ser uma integrante da equipe que mapeou o primeiro genoma do novo coronavírus (SARS-CoV-2), após o primeiro caso confirmado da doença no Brasil, em 48 horas. Além disso, também esteve em um estágio, na Inglaterra, onde aprimorou protocolos de sequenciamento de genomas completos pela tecnologia de nanoporos do Zika vírus e protocolos para sequenciamento direto do RNA, que teve consequências no seu trabalho com o vírus da Covid-19. Ela recebeu diversos prêmios e foi homenageada pelo seu trabalho.
Mae Carol Jemison (1956): Cientista, engenheira química, médica, professora e astronauta, a Dra. Mae Jemison é uma forte defensora da diversidade de gênero, étnica e social nas ciências. Nascida em Decatur, Alabama, Mae Jemison foi criada em Chicago, Illinois. Caçula de três filhos de Charlie um faz-tudo e Dorothy Jemison uma professora primária, Jemison começou a se interessar pela ciência logo cedo quando um tio incentivou sua curiosidade sobre astronomia, antropologia e arqueologia. Jemison ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Stanford aos 16 anos, graduando-se em 1977 em Engenharia Química, também cumpriu os requisitos de grau para um bacharel em estudos afro-americanos. Em 1981, se formou em medicina pela Universidade de Cornell e ainda durante a faculdade, trabalhou como voluntária em Cuba, no Quênia, e em um campo de refugiados cambojano na Tailândia. Depois de se formar, passou a ser voluntária do Corpo da Paz e se tornou médica em Serra Leoa e na Libéria, além de ter participado de pesquisas para criar a vacina contra a hepatite B. Quando retornou aos EUA, Jemison trabalhou como médica em Los Angeles, até se inscrever no programa de formação de astronautas da NASA: de dois mil candidatos, ela foi uma das 15 pessoas selecionadas. Após completar seu treinamento, passou a servir como especialista em missões no ônibus espacial Endeavour. Assim, aos 36 anos de idade, a Dra. Mae Jemison se tornou a primeira mulher afro-americana a ir para o espaço.
Viviane dos Santos Barbosa: Pesquisadora baiana que ficou famosa ao desenvolver um produto catalisador que reduz emissão de gases poluentes. Cursou química industrial por dois anos na Universidade Federal da Bahia, em meados da década de 90, se mudou para a Holanda e conquistou uma das 4 vagas disponíveis para estudar engenharia química e bioquímica na Delft University of Technology, tendo sido a primeira colocada entre outros 90 candidatos. Mesmo com todo o preconceito sofrido, ela conseguiu encarar tudo isso como um desafio a ser superado. Confinada de seis a oito horas em um laboratório da universidade, desenvolveu uma pesquisa com catalisadores através de uma mistura de Paladium e Platina. Em 2010, seu trabalho recebeu a premiação máxima, entre outros 800 trabalhos, na International Aeorol Conference, um evento que reúne cientistas do mundo inteiro. As experiências adquiridas com seu pai, Florisvaldo Barbosa, um ‘cientista caseiro’, deram ingredientes importantes para a formação de uma cientista com um caráter curioso, metódico e perseverante.
Autores: Gabriela Farias da Silva; Victor Gomes de Freitas Borge.