Entendendo a Interface Cérebro Máquina

Antigamente, se viessem dizer a você que era possível controlar um dispositivo externo sem tocá-lo, apenas através da sua mente, com certeza você diria que isso era muito história de ficção científica. No entanto, hoje em dia isso, está começando a ser possível através da Interface Cérebro-Máquina (ICM), ou como é conhecido em inglês, Brain Machine Interface (BMI).

A Interface Cérebro-Máquina é capaz de permitir a comunicação entre o cérebro humano e um dispositivo externo, como por exemplo as máquinas eletrônicas, através dos impulsos elétricos emitidos pelos neurônios. Seu funcionamento consiste praticamente em três etapas: aquisição dos sinais, interpretação dos dados e saída dos dados.

Na primeira etapa ocorre a captura dos sinais elétricos, que pode ser feita de três formas diferentes: a primeira é o método não invasivo utilizando a eletroencefalografia (EEG) para realizar a ação, onde serão colocados sensores elétricos no couro cabeludo para que eles consigam captar esses sinais; a segunda é o invasivo, sendo realizado o contato dos eletrodos diretamente no cérebro, necessitando assim de uma neurocirurgia e podendo lesionar o usuário; e por último, tem-se o parcialmente invasivo, que ao invés de colocar diretamente na massa cinzenta, aplica os eletrodos em outro local da região cerebral. Todas as três apresentam pontos positivos e negativos relacionados à segurança, boa resolução e limitação de dados.

Em seguida, na segunda etapa, acontece a interpretação dos dados, ou seja, os sinais coletados, durante um dos métodos anteriores, são amplificados e levados até a máquina que irá analisar e processar essas informações, colocando-as em formato de código. Logo depois, inicia-se a terceira etapa que é a saída dos dados, onde o código gerado vai ser enviado para algum mecanismo, possibilitando-o realizar um determinado comando que foi expresso anteriormente nos sinais elétricos.

Esse tipo de tecnologia já é possível de ser encontrado em muitos estudos com diversas funções, mas, em geral, ele é mais visto nos campos relacionados ao desenvolvimento de funções motoras, utilizando neuropróteses (como foi o caso da “vestimenta” utilizada no pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014), e de um novo canal de comunicação, para ser usado pelos cientistas. Aliás, a ICM também está presente em um dos projetos do Capítulo Estudantil IEEE RAS UFCG, que é o “Braço Robótico e EEG (Eletroencefalografia)”.

De uma forma geral, o uso da Interface Cérebro-Máquina está possibilitando um grande avanço no campo da ciência, principalmente quando relacionado ao seu uso por pessoas com certos tipos de deficiências. E, quem sabe em breve, será comum ver essa tecnologia sendo usada com frequência e em benefício da população em diversas áreas.

Postagem escrita pela voluntária do Capítulo Tâmara Ruth.