RASenha #3 – O Dilema da Redes (documentário)

O Dilema das Redes (“se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”) é um documentário escrito por Davis Coombe, Vickie Curtis e Jeff Orlowski, esse último também é o diretor. O filme mostra o impacto das redes sociais na vida dos indivíduos, na sociedade, até mesmo nos governos ao redor do mundo e além disso mostra como essas plataformas utilizam estratégias para fazer com que as pessoas se conectem e se viciem.

Com um extenso número de entrevistados, ex-funcionários de empresas diversas como Google, Facebook, Pinterest, Twitter, Youtube, Instagram e outras, além de estudiosos das redes sociais, o documentário foca na figura de Tristan Harris, ex Design de Ética do Google e cofundador e Presidente do Center For Humane Technology, um dos profissionais mais combativos em relação aos problemas das redes sociais e na busca da ética nesse espaços. Harris já foi chamado de “a voz da consciência do Vale do Silício”. Levantando uma importante questão ética e que é o ponto central do documentário, uma vez que essas empresas são responsáveis por armazenar informações pessoais dos usuários e pelas estratégias que utilizam para obterem lucros e manterem as pessoas conectadas, elas também são responsáveis pelas consequências dessas ações em seus usuários.

Utilizando uma família fictícia, para não simplesmente apresentar a entrevista, o documentário expõe as consequências dessas estratégias utilizadas, como por exemplo a filha mais nova (11 anos) ser viciada no Instagram e ter problemas de autoestima decorrentes desse vício; o do meio ser viciado no Facebook e a mais velha é constantemente criticada por usar a internet de forma moderada.

Outro entrevistado crucial para o documentário é Jaron Lanier, um dos pioneiros da Internet e da Realidade Virtual, sendo um dos entrevistados que expõem com maior veemência o quão prejudicial podem ser as redes sociais. Autor do livro Ten Arguments For Deleting Your Social Media Accounts (Dez Argumentos para Deletar suas Contas nas Redes Sociais), ele aprofunda a discussão sobre essa visão dos usuários das redes sociais, considerando que o produto que é de interesse das empresas é a nossa forma de pensar, nosso comportamento.

E não há como negar os benefícios da Internet e todos os entrevistados admitem esse fato. O que o documentário trata é de questionar como algo que foi criado com uma finalidade acabou sendo desvirtuado para propósitos questionáveis. Em determinado ponto Aza Raskin, também cofundador do Center For Humane Technology, inventor da rolagem infinita, diz uma verdade cruel e digna de reflexão: “É um pouco banal dizer agora, mas como não pagamos pelos produtos que usamos, os anunciantes é que pagam. Os anunciantes são os clientes. Nós somos o que é vendido”. Há uma constatação clássica: “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”. Por fim, o que O Dilema das Redes faz é com que paremos para refletir sobre nossas atitudes e a maneira como nos relacionamos com essa grande engrenagem.

 

Postagem escrita pelo voluntário do Capítulo Gabriel Lacerda.